Filosofia do possível

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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O MITO DO PECADO ORIGINAL - PARTE 1



O MITO DO PECADO ORIGINAL
“O GÊNESIS DA CONVALESCÊNCIA DA HUMANIDADE”
PARTE I

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          Esse mito representa um marco decisivo na história do ser humano. Simboliza uma mudança radical, bruta e abrupta nos rumos da humanidade e de nossa relação com a criação. Segundo nos é relatado, a partir desse divisor, fomos exilados, torturados e extirpados de nossa condição original e existencial em nossa relação com o todo. Algo injusto, cruel, doloroso e inexplicável vindo de um “Pai” tão bondoso, justo e perfeito, como nos é caracterizado a figura do Criador. Mesmo sendo reflexos, nos impusemos como se deixássemos de ser criaturas, como se ocupássemos o mesmo patamar do criador. Algo inverossímil e totalmente absurdo, dentro do padrão e do enredo do mito.
          Mas afinal, o que aconteceu para que tal fato tão violento e radical ocorresse? Por que foi permitido que tal “pecado” acontecesse num mundo tão perfeito e justo? Como explicar que uma pequena fração de seres tão insignes, pudesse ocasionar tamanha desordem e abuso contra as ordens explícitas do Todo-Poderoso?
          Esses questionamentos naturais nunca foram respondidos de forma convincente, pois sempre que ocorria tais indagações, os “enviados de Deus” apelavam para uma frase muito usada por estes doutrinadores: “Eis o mistério da fé”. Recurso oportunista para aqueles que não têm nenhum tipo de resposta para oferecer. Sabemos que só se emprega a fé quando não existe comprovação possível. Em outras palavras, fé é sinônimo de ignorância, algo próprio de seres que se colocam em patamares inferiores e de dependência em relação aos seus medos, angustias e aflições. Comportamento típico de quem está mais voltado aos instintos que à razão.
          Por outro lado, gerou-se certa independência e autonomia, até então inédita entre as partes componentes desse todo; isto nos transformou em algo singular e inaudito até então, quase uma aberração para os padrões da criação daquele momento. Segundo a lenda, tal expulsão edênica acabou por nos pinçar, nos destacar e nos elevar em comparação com as demais partes inclusas. Nasce uma hierarquia e com ela graus de diferenciação até o momento inexistentes e improváveis dentro do plano estabelecido.Tudo mudou e transfigurou-se para sempre a partir daquele instante, ganhando um colorido novo e inusitado. Pelo menos foi essa a estória que nos foi contada e ensinada desde então.
          Se observarmos esta história de maneira mais atenta e distanciada como nos foi passada e interpretada fica claro que é mal construída e extremamente tendenciosa e manipuladora. Que tamanha aberração literária nos foi relatada fundamentalmente com o intuito de moralizar e escravizar as pessoas a acatar e obedecer a determinados comandos e comandantes. Um dos objetivos principais era de nos tirar da realidade, do presente e nos transformar em “zumbis” que passariam a viver adormecido e sempre num estado onírico e utópico, sempre se relacionando ou com o passado ou com o futuro, nunca tendo a verdadeira dimensão do agora.
Aqui, gostaria de propor alguns questionamentos polêmicos e provocativos em relação a essa interpretação herdada do mito. Interrogações com o objetivo de abrir novas possibilidades de análise acerca do entendimento imposto; isso porque se analisarmos essa história como nos foi passada e interpretada fica muito claro que ela tinha como principal meta atemorizar e criar um sentimento de culpa nos “fiéis”, característica básica de todos àqueles que são religiosos, ou como eles gostam de se auto-alcunhar, “tementes a Deus”.
          Primeiramente, será que isso aconteceu da maneira como nos é interpretado oficialmente ou esse mito não passa de fruto da imaginação humana, inculcado e condicionado para obtenção do controle e hegemônico de uma elite sobre a maioria dos homens?
          Será que tal simbolização é real ou efeito de algum trauma mal resolvido, ocorrido a partir daquele momento, causando uma espécie de “esquizofrenia coletiva continuada” que nos anestesiou, hipnotizou e que nos acompanha até os dias atuais?
          Será esse mito uma armadilha criada pelo ego humano para nos elevar a um patamar enganoso que nos ilude e nos impinge uma superioridade ilusória, desviando-nos de nossa real condição?
          Ou, será que nos alijaram intencionalmente da verdadeira interpretação e este mito é, antes, uma chave que nos coloca de volta à situação que vivíamos antes desse acontecimento?
          Se concordarmos com todos os questionamentos acima levantados, por que, para que e com quais finalidades tal interpretação nos foi impostada e condicionada em nossas mentes?
          Esses são alguns pontos fundamentais que merecem ser abordados com todo cuidado por serem responsáveis pela configuração de como vemos, sentimos e existimos no todo. Proponho uma visão alternativa e diferente da ótica oficial. Uma abordagem sob um novo prisma, que poderá alterar completamente nossa maneira de ser e compreender o mundo. Um retorno às condições de vida antes da mordida na maçã. Um mundo, talvez, sem tanto rancores, vaidades e prepotências. Apenas partes iguais de um todo que parecia ser harmônico, pleno e completo, como éramos antes de toda esse pesadelo inventado para nos desviar de nossa verdadeira natureza humana.
          Continuaremos esse tema nas próximas postagens, voltando a lembrar que quaisquer indagações ou comentários acerca do texto serão sempre apreciados com seriedade por parte do autor.

Grato
Fernando Manarim


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