Filosofia do possível

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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

FILOSOFIA SEM DELÍRIOS, FILOSOFIA DO POSSÍVEL: DEUS ÚNICO - O UNIVERSO EM DESENCANTO

FILOSOFIA SEM DELÍRIOS, FILOSOFIA DO POSSÍVEL: DEUS ÚNICO - O UNIVERSO EM DESENCANTO: MULTIVERSO E A TEORIA DA MULTIPLICIDADE INTRODUÇÃO: DEUS ÚNICO - O UNIVERSO EM DESENCANTO               O conceito ...

DEUS ÚNICO - O UNIVERSO EM DESENCANTO



MULTIVERSO E A TEORIA DA MULTIPLICIDADE

INTRODUÇÃO:

DEUS ÚNICO - O UNIVERSO EM DESENCANTO

 

            O conceito de unidade é ilusório, fantasioso, irreal e quimérico. Foi criado objetivamente com a missão de manipular as pessoas dentro de um determinado padrão estrutural. Essa conceituação fez com que criássemos uma responsabilidade que nos relegou a um peso existencial insuportável, que acabou nos sentenciando a um dia-a-dia pesado e estático, tirando todo o frescor e a leveza de ser vivo. Éramos frações finitas de um todo imensurável, com a cobrança moral de divindades pletóricas e irrepreensíveis, como se pudéssemos, em algum momento, atingirmos tal magnitude imortal.


            Esse descalabro injusto, foi algo planejado de maneira frígida e com uma algidez impecável com a finalidade de impingir uma culpabilidade penitente, crucificando moralmente a humanidade à uma situação prometeica sem nenhum tipo de compensação ou ressarcimento existencial, à não ser no pós-morte, algo impossível de ratificação real e concreta. Muito pouco em troca de tamanha penalização degradante, mas que por ser imposta como única condição humana, acabava por ser digerida naturalmente, fazendo com que todos vissem ser este o fim de toda a existência humana. Uma vida sem brilho, sem esperanças e sem nenhum tipo de realização, a não ser o sofrimento, a dor, a culpa e a resignação.

            E a gênesis de toda essa desventura teve sua origem no conceito de unidade, lançada primeiramente sob o formato religioso da crença no “Deus único e verdadeiro”, que ganhou espaço e peso através do povo judeu, na época de sua servidão forçada à civilização egípcia antiga. Esse ideário monoteísta, excludente que simplificava grosseiramente toda a complexidade do todo, a um nível empobrecedor depauperando e minimizando as coisas à uma singularidade utópica e desfiguradora, ultimou nossa visão a uma miopia filosófica-existencial, nos obrigando a viver de maneira trôpega, dormente e sonâmbula, como se existir fosse algo próprio das lembranças do passado ou de projeções do futuro, onde o presente era quimérico e impossível para o alcance de nossas mãos.

            Ideologia própria de um povo sentenciado a uma sujeição escravizante, sem grandes probabilidades de libertação e que para sair de tal situação asfixiante precisava criar um ideário de completa oposição a seu verdugo civilizacional, única probabilidade para escapar de seu jugo tiranizador.

 Além disso, por estarem em posição de total subjugação, seu grau intelecto-cultural era pobre e, como resultado de tal opressão, era urgente que criassem uma ideologia própria que pudesse ser facilmente compreendida pela maioria de seu povo, sendo absorvida de maneira direta e clara, sem muitos malabarismos racionais. Eis a que se resume o ideário monoteísta, uma filosofia direta, simplificadora, redutora, fúfia e tosca. E a comprovação disso está na necessidade da crença como principal atribuição de seus seguidores, já que a tese que defendem não podem ser comprovada e demonstrada concretamente.


Essa simplificação da realidade à uma unidade sintetizadora, trouxe uma possibilidade enganosa a humanidade, pois abriu a probabilidade de que a verdade poderia ser alcançada, já que era única, seja lá o nome que lhe fosse outorgada: Deus, Átomo, Ego, Unidade, Verdade, etc. E assim passamos a viver e ver o mundo como algo aglutinado, resumido, homogeneizado; onde a diversidade, as diferenças, os detalhes, a complexidade, foi brutalmente sacrificada sob uma mesma fórmula, generalizante e excludente, empobrecendo todas as nuances e vieses que perfazem e compõem a trama que constitui o todo.

O resultado disso foi uma catástrofe psicossomática nunca vista antes pelo seu grau de magnitude e nível de destruição em série; destruição gradual, sendo incrustada na espécie humana paulatinamente, transformando o homem, formado sob sua égide, em algo fraco, fragilizado, quebradiço, atormentado por um protótipo artificial forjado apenas para o domínio e o controle completo desses seres rebaixados à condição de uma eterna servidão. Eis o principal objetivo desse relicário às avessas, que travestido por mandamentos impiedosos e irrealizáveis, acabaram por recusar de maneira atroz e mordaz toda a natureza humana, como se tal feito fosse possível sem gigantescas contra-indicações e enfermidades descaracterizantes. Com o monoteísmo judaico-cristão, o homem se coloca no mesmo patamar de criador universal, e esquizofrenicamente possuído por tal síndrome megalomaníaca, transmuta o homem, em sua mente delirante, em algo que não é; tal delírio irrealizável, transforma o homem em um monstro todo retalhado e descaracterizado, ser grotesco, violento e agressivo por não se reconhecer mais.

Esse monoteísmo ditatorial, criador de dogmas utópico-moralizantes, terminou por transformar a humanidade numa manada bovina, onde cada um segue o animal da frente, sem olhar para os lados, resignado à sorte diagnosticada por um Deus castrador e adestrador que o criou para mutilar. Eis a pantomima orquestrada pelo rancor de um povo que era massacrado e que vingativamente resolveu retribuir as mazelas a que estavam sujeitos através de sua máxima mais característica: “olho por olho, dente por dente”. Uma religião sem amor, compaixão, piedade... Eis o berço da dita civilização ocidental, império alicerçado sob areia movediça ideológica, gerador de homens atormentados por não poderem existir naturalmente, mas sim sob o paradoxo de refrear seus impulsos instintivos, para a conquista do “reino de Deus”; mas para quem?
 

 

 

domingo, 7 de junho de 2015

“BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES:ARQUÉTIPOS DA FRUSTRAÇÃO” PARTE I

 A VITIMIZAÇÃO FEMININA:
“BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES:
ARQUÉTIPOS DA FRUSTRAÇÃO”
PARTE I


INTRODUÇÃO

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                Hoje vamos abordar como os contos infantis são empregados para propagar a estruturação social, especialmente do gênero feminino, segundo os ditames da doutrina judaico-cristã no mundo ocidental. O conto que analisaremos, como referencial modelar de todos os demais contos de mesmo enfoque temático, será o grande clássico produzido pela Disney, “Branca de Neve e os Sete Anões”, primeiro conto a ser filmado como longa metragem e inaugurador desse novo tipo de entretenimento voltado principalmente para as crianças, mas que alcança aceitação massiva em todas as faixas etárias, com constantes recordes de bilheteria e arrecadação. Seu sucesso foi tamanho que esses filmes continuam sendo produzidos, crescente e constantemente, até os dias atuais.
                Não iremos discorrer sobre o conto em si, mas antes indagaremos sobre o porquê da sua escolha. Quais as razões que levaram a pender por esse conto e não outro qualquer.  Quais as mensagens subliminares que querem difundir como referência ideal a ser seguido pelas pessoas; enfim, qual a “moral da história” que deve ser inculcada como objetivo essencial a ser cumprido e adotado como lema de vida por todos.
                Eis os principais tópicos que iremos considerar, seguindo a linha filosófico-doutrinária inaugurada pelo Mito do Pecado Original, de inferiorização e depreciação do gênero feminino, algo sempre repetido e reafirmado incansavelmente, em todas as faixas etárias e gerações.

SOBRE O NOME DA PERSONAGEM PRINCIPAL

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                Branca de Neve é um nome diferente, estranho, pois se remete a uma cor de maneira reiterada, já que a neve também é branca. E, sem dúvida, a personagem é branca como a neve. Mas, não é normal nomear as pessoas dessa maneira, e isso, num primeiro momento, chama nossa atenção. Mas, como tal nome da personagem pode ser empregado como meio de disseminação da doutrina judaico-cristã? O que se pode propagar subliminarmente através desse tipo de nome da personagem?
                Uma das marcas basilares da religião judaico-cristã é a propalação e a valorização do preconceito e da discriminação em geral, seja ela racial, sexual ou econômico-social. Desde seu nascimento, os judeus afirmavam ser o seu Deus o único verdadeiro, sendo o restante, segundo eles, crendices e sandices menores e inferiores. E, eles sempre adotaram o mesmo procedimento de aviltamento e depreciação para tudo que não se alinhavam com seu sistema doutrinário. E, no caso do gênero feminino não foi diferente, utilizando, inclusive, as fábulas infantis, como elemento doutrinário para formatação do tipo de mulheres à serem concebidas. Fábulas como Branca de Neve, Cinderela e A Gata Borralheira, pertencem a mesma linhagem pedagógica na estruturação do ideal de gênero feminino, desde o Mito do Pecado Original.
                Branca de Neve é um nome que traz muitos significados importantes para a disseminação da doutrina.  Primeiro, que representa a raça branca, ariana, raça dominante no mundo ocidental, torrão onde a religião monoteísta se instaurou e onde é o credo hegemônico e predominante. Logo, a heroína da estória é da raça branca, modelo de como deve ser uma verdadeira princesa e como todas as meninas do mundo devem se espelhar para serem análogas à heroína idealizada. Isso causa um certo incomodo étnico para as meninas de outras raças, já que ao longo da vida , inconscientemente, aparecerão sentimentos de frustração e marginalização em relação ao arquétipo de princesa propagada, reforçadamente, pela mídia mundial.

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                Eis o que a religião quer semear na mente das meninas e das pessoas em geral: distanciamento, desinteresse e negação das raízes de 2/3 da humanidade.
                Outro elemento trabalhado subliminarmente pela filosofia monoteísta é a questão do branco como símbolo do alvo, da pureza, do intocável, do vedado, do não-conspurcado por ninguém, do virginal. Ao fim e ao cabo, o objetivo aqui visado é a supervalorização do conceito da virgindade sexual, da pudicícia, da castidade, elemento-chave na estruturação mental, social e na moralização divina do mundo ocidental em geral. É por esse caminho que os doutrinadores-catequizadores conseguem adestrar e enquadrar a todos. É através dessa castração simbólica que o instinto é desmoralizado e destruído, transformando os seres humanos em animais cativos, mansos e de fácil condução e direcionamento, convertendo a humanidade numa manada passiva e sem vontade própria para viver.

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                E quem será responsável por este cerceamento sexual dos seres humanos? As mulheres.  Isso porque a mulher é a única agraciada com a possibilidade de gerar uma vida, eternizando a espécie, suscitando um poder inato que a colocaria, como nas demais espécies animais, no comando natural da raça humana. Eis a principal preocupação dos mentores da doutrina religiosa ocidental, representantes do gênero masculino, que temendo o rebaixamento dentro da raça, recorrem ao artifício de uma constante exposição depreciativa e inferiorizante do gênero feminino.
                Uma das alternativas primordiais para desviar a consciência feminina de sua hegemonia natural é responsabilizá-la, comprometê-la na missão de controlar e refrear a realização do coito entre os seres humanos, retirando o prazer e a necessidade inata da relação sexual, transformando-a em algo ilícito, pecador e principal motivador da danação eterna, que deve só ser feita com uma única pessoa por toda a vida e apenas para manutenção da espécie; o sexo perde todo o viço, toda a conotação sedutora, todo seu deleite, toda sua liberação energética e saudável, se transformando em culpa, angustia e vergonha; e a mulher perde muito da sua potencialidade natural, pois por ter sido a grande culpada da “Queda do Paraíso”, deve se redimir sendo a guardiã moralizadora do sexo e com isso se tornar refém e prisioneira do “tesouro” guardado por ela.

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                E a personagem Branca de Neve, assim como em todo o filme, manifestará simbolicamente todos esses conceitos doutrinários e manipuladores na formação, na mecanização e na massificação do seu credo. De maneira mágica, “inocente” e sutil, seus preceitos serão propagados aos quatro cantos do planeta, fazendo parecer natural monstruosidades absurdas como a imposição racial, a negação do instinto sexual, a depreciação de outras culturas e a escravização e inferiorização de um gênero para a exaltação de outro. Infelizmente assim, de maneira oportunista, a eles explorarão os contos infantis, lobotomizando e enquadrando todas as pessoas dentro de um mesmo e único sistema autoritário e impositório, sempre visando a eternização desse status quo discriminatório, preconceituoso e artificial.  
Esses serão alguns dos tópicos que continuaremos a analisar na próxima postagem de “Branca de Neve e os Sete Anões: os Arquétipos da Frustração”.

ABRAÇOS
FERNANDO MANARIM


segunda-feira, 18 de maio de 2015

EVA E A SERPENTE: ONDE TUDO COMEÇOU... - PARTE FINAL

EVA E A SERPENTE: ONDE TUDO COMEÇOU...
PARTE FINAL

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            Como vimos anteriormente, Eva era uma personagem quase figurativa, sempre acompanhando Adão, único papel para que foi criada. Mas, com o veto divino proibindo-os de deglutir o fruto da árvore do conhecimento, ocorreu uma reviravolta radical sobre todo o enredo da trama. Esse revés radical, transfigurou toda a compreensão acerca do mundo Edênico, pois revelou um componente que até então Adão e Eva não tinham ciência. Revelou que aquele lugar que eles acreditavam ser um Paraíso, algo homogêneo, coeso e uniforme, era, na realidade, um mundo dicotômico, ramificado e bipartido. Existiam gradações, escalas, hierarquias e onde existem distinções existem privilégios, vantagens, regalias e algumas exclusividades que discriminam e favorecem pessoas e grupos em detrimento de outros, um mundo que conhecemos muito bem. Logo, tudo um grande engodo programado nas mentes subjugadas de Adão e Eva, verdadeira obra realizada pelo “Criador Divino”, para com isso poder docilizar e escraviza-los a seu bel-prazer.  Eis a verdadeira razão de ser das doutrinas, especialmente, as religiosas, que lobotomizam fundamentalmente seus seguidores para poder subjuga-los e explorá-los sob todos os sentidos, ovelhas passivas de um rebanho de pastores tiranos, ”prestidigitadores”, ambiciosos de poder e riquezas. Verdadeira razão pela qual ser sempre o conhecimento seu principal inimigo, por iluminar as mentes e, com isso, desvendar os verdadeiros interesses por trás dessas “sagradas” alegorias.

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            Com esse novo fato, os autores do Mito do Pecado Original precisavam de um bode expiatório para poder manter a imagem do Criador limpa, imaculada e, para tanto, articularam uma saída para desviar o olhar dos fiéis da constatação que o Paraíso nunca existiu realmente, algo que destruiria todas suas mordomias e privilégios, conquistadas através desse condicionamento induzido nas massas representado no Gênesis bíblico pelos personagens de Adão e Eva, duas cobaias humanas sob a tutela desse “Deus judaico-cristão”.

Para a manutenção da farsa se tornou imperioso a criação de um culpado, de um réu que suportasse toda a carga de pungimento e de expiação, que não alterasse os objetivos visados, capaz de deslocar todas as atenções para ele, fazendo do veto divino um ato de amor e não a comprovação da esquizofrenia humana, justificando integralmente o novo rumo adotado pelos autores da alegoria.

Para isso, é criado um novo conceito, disparatado, incoerente e abstruso, capaz de salvaguardar todas as “verdades divinas” apresentadas. Surge o conceito do livre-arbítrio. Conceito que faz do homem sujeito de seu próprio destino,  ganhando autonomia e independência como se ele estivesse pronto para tal responsabilidade, como se fosse possível para uma criatura ser independente e senhor do seu destino, e toda essa emancipação e liberdade brotando do nada, da mesma forma que surgiu o veto divino do fruto proibido, sem nenhuma lógica, sem nenhuma ligação anterior com o enredo da estória até aquele momento, mais um “milagre divino”, mais um reparo tosco e indelicado para a manipulação das mentes humanas.
Depois de todos esses remendos grosseiros e mal articulados, os autores conseguiram criar um expediente, uma saída, podendo a partir desses elementos, concentrar toda a culpa, principalmente, sob os ombros de Eva, personagem escolhida para ser achincalhada e ridicularizada, desde aquele momento. Aqui o Mito deixa claro seu objetivo de rebaixar o gênero feminino, colocando-o numa posição torpe, indigna e subalterna. Eva ganha o status de protagonista do mal, a grande culpada por tudo o que ocorreu na história da humanidade, responsável pela queda dos seres humanos num mundo dicotomizado e bipartido, mundo onde passamos a viver uma existência com sofrimentos e dissabores.  Nasce a primeira grande vilã, marca que acompanhará o sexo feminino, tipificação responsável por toda essa vitimização do feminino no mundo ocidental pós antiguidade clássica.
O Mito do Pecado Original explicita que o mundo está cindido em dois lados: o bem e o mal. O Bem, lado do Deus judaico-cristão, tem como seu herdeiro único Adão, concebido diretamente do Criador, sua imagem e semelhança. É o caminho que se deve seguir para ser salvo. E subliminarmente, segundo os autores da Alegoria, o gênero masculino por ser descendente direto do Pai Divino, já têm na sua natureza o lado do Bem, sendo por isso um caminho natural, mais fácil de ele atingir a salvação.
Já Eva, primeira representante do gênero feminino, por ter nascido de Adão e não diretamente do Criador divino, não tem essa mesma ligação com Deus, o que faz com que leve uma certa desvantagem em relação a Adão. Por isso, Eva será a primeira a desobedecer às ordens divinas, eis a mensagem legada pelo Mito. Isso, naturalmente, fez com que se olhasse o gênero feminino como um ser ínfero, resultando na maneira como a mulher passou a ser tratada na sociedade ocidental sob o domínio da religião judia e cristã.

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Além disso, mesmo sabendo da proibição, Eva preferiu escutar a Serpente da árvore, mordendo a maça proibida. Dessa forma, se Adão era discípulo do Criador, ao obedecer a Serpente, Eva se transformava em discípula da Serpente, uma das figuras representativas com que se simboliza o demônio, do lado do mal, reiterando a ideia de atrelar o gênero feminino ao mal, ao pecado e a imoralidade.

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Mas, como nada é perfeito, se observarmos essa estória de maneira mais imparcial, é possível verificar que enquanto o Deus monoteísta judaico-cristão é o mestre de Adão, do gênero masculino, esse ditador tirânico e cruel, que subjuga e distorce a realidade quando quer e bem entende, transformando Adão num fiel inconsciente e cego seguidor de suas ordens. Eva, tem como mestre a Serpente da Árvore do Conhecimento, que nada impõe, mas antes instrui e convence, fazendo com que aquele que atinge o conhecimento possa ser soberano e responsável por suas escolhas, por suas verdades e construtor de seu destino, podendo ver a realidade com outros olhos e sob outro ângulo que não o imposto pelo manipulador. Logo, quem nos liberta do jugo violento e opressor à que estávamos confinados será Eva que, ao nos fazer morder o fruto proibido, nos tirará do êxtase esquizofrênico e letárgico em que estávamos presos, nos fazendo “cair” na realidade. É ela que, após atingir o conhecimento, reconhecendo a verdadeira situação que estava submetida, auxilia Adão a perceber a realidade a que estava subjugado, gerando a possibilidade de Adão se libertar do jugo “divino”.

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Eva será a primeira a atingir o conhecimento, recuperando sua consciência acerca de sua real situação naquele momento. Eis a principal razão de tanta ojeriza e rancor contra o gênero feminino, responsável pelo início de toda a vitimização feminina que estamos abordando nessa série de postagens.
Na próxima postagem, mostraremos através do conto “Branca de Neve e os Sete Anões”, em sua versão mais conhecida, o desenho de Walt Disney, como esse rebaixamento a uma personificação de segunda categoria é desenvolvida através dessa fábula tão popular, ingênua e pueril, exigindo todo um enquadramento do gênero feminino, iniciado, como vimos, no Mito do Pecado Original.

           

Até a próxima!

FERNANDO MANARIM
             
           
           


sábado, 2 de maio de 2015

EVA E A SERPENTE: ONDE TUDO COMEÇOU... - PARTE II

EVA E A SERPENTE: ONDE TUDO COMEÇOU...
PARTE II

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            Como vimos na parte I, o gênero feminino foi classificado como espécie de segunda categoria e tal caracterização foi esboçada no Mito do Pecado Original de maneira inflexível e implacável, com um único intuito de diminuir e ridicularizá-lo perante a organização da estrutura social.
            Nesta segunda parte, exibiremos mais componentes da alegoria, onde tal depreciação e aviltamento continuarão a ser esboçados por parte dos autores do Gênesis Bíblico. Algo repetido incansável e insistentemente, até que tal falácia conquistasse o status de verdade para todos.

A ETERNA ACOMPANHANTE

            Dentro do andamento da trama, desde de sua aparição, Eva era uma personagem suplementar, coadjuvante, uma acompanhante criada para assistir e ajudar a findar a situação solitária de Adão, único representante da raça humana, até aquele instante. Tanto isso é verdade que, Eva sempre aparecia ao lado de Adão, sempre em silêncio, sempre um personagem figurativo, quase um elemento paisagístico do Éden.
Essa coadjuvância feminina, acabou se repetindo continuamente até os dias atuais e, sem dúvida, tal condição, foi resultado da mensagem inculcada por essa “alegoria sagrada”, onde só um gênero é alçado à condição de herdeiro direto do Todo-Poderoso.

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            A mulher continua desempenhando esse papel de acompanhante, de acólito, e isso pode ser facilmente evidenciado nas normas sociais, nas situações mais corriqueiras e banais como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam; a partir do enlace, o sobrenome do marido é incorporado ao nome da mulher, passando a ser utilizado como principal. Mesmo que legalmente já não seja obrigatório tal nomeação familiar, na maioria dos casos continua vigorando essa “tradição”, pois para a mulher geralmente, é uma questão de status carregar o nome do marido, por comprovar que ela é casada, realização máxima da mulher desde o aparecimento de Eva no Mito do Pecado Original, na sociedade ocidental-cristã.
Outro exemplo da supremacia masculina, pode ser constatado quando numa cerimônia um casal é anunciado; normalmente o casal é apresentado pelo sobrenome do marido, nunca o contrário. Mais uma confirmação da preponderância de um gênero sobre o outro.
            As próprias brincadeiras de crianças refletem essa sujeição do feminino em função do masculino. Muitas das brincadeiras de meninas são de conotação doméstica, onde o principal objetivo do gênero feminino é de cuidar, de servir, de auxiliar e de assistir o homem. Dificilmente você verá uma menina brincando com entretenimentos diferentes desse tipo de conotação. Sempre brincando de cozinhar, de cuidar de boneca, de lavar a roupinha, etc. Deixando claro qual o papel determinado para o gênero feminino representar na sociedade.

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Poderíamos ficar aqui apresentando muito mais exemplos de tal soberania do sexo masculino, pois toda nossa estruturação social está embasada sobre essa discriminação, fruto da doutrinação e da reiteração constante e ininterrupta do Mito do Pecado Original, chancelado com o selo de garantia da Bíblia Sagrada. E, se por acaso, alguma mulher resolver escolher seguir por outro caminho que não o de servir e acompanhar o homem, esta sofrerá enormes retaliações e desagravos por parte da sociedade em geral, pois ninguém pode se rebelar contra os “desígnios de Deus”. Senão, arderá no fogo do inferno, como se a situação feminina já não fosse um inferno no Ocidente.

NASCE A TENTAÇÃO

http://www.aleteia.org/image/pt/article/vencer-a-tentacao-5898340747182080/snow-white-princess-with-the-famous-red-apple_pt/topic

            É importante lembrar que tudo que existia no Paraíso Edênico era puro e perfeito, não existia nenhum tipo de maldade, de segundas intenções, de qualquer tipo de malícia, sem diferenças, apenas a inocência, a singeleza e a simplicidade. Tudo horizontal, sem privilégios, vantagens ou qualquer tipo de regalias entre os seres.
            Mas, repentinamente, Deus anuncia a Adão que, por alguma razão, existia uma árvore no Paraíso, cujo fruto não poderia ser mordido de modo nenhum, sem nenhum tipo de explicação do porquê de tal refreamento. Afirmou que se por acaso alguém mordesse desse fruto passaria por punições terríveis, por sofrimentos colossais e que seria, inclusive expulsos do Paraíso divino.
            Num primeiro momento, tal ordem foi aceita sem nenhum tipo de interjeição, mas, depois, tal restrição gerou uma sensação nova para Adão e Eva, um sentimento desconhecido, estranho, algo que não os deixavam mais em paz, nasceu a curiosidade. E com ela foi despertada a tentação, sentimento fatídico que mudará radicalmente todo o destino da humanidade.     

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            É importante frisar que, o verdadeiro culpado de toda essa catástrofe não foi nem Adão, nem Eva e nem a Serpente, mas sim o Criador que foi quem, indiretamente, acabou por despertar sentimentos que não existiam até aquele momento. Todos concordam que quando se proibi alguma coisa, algo sem explicar o porquê de tal reprimenda, a curiosidade é despertada e a tentação de transgredir a ordem se torna algo a ser desejado de maneira insuportável.
Sabemos que, muitas vezes, tal estratégia é empregada quando se quer que tal situação de insubordinação seja realizada à revelia. E, é exatamente isso que podemos verificar no Mito do Pecado Original, pois era esse o destino que o Criador pretendia para as pobres criaturas humanas.
O fato de o Criador proibir algo, fez com que tal objeto se destacasse no meio de tanto coisa pura e horizontal, e tal sobre-elevação acabou com o equilíbrio, a harmonia e a proporcionalidade que existia até então. Quem acabou com o Paraíso divino não foi a insubordinação de Adão e Eva, mas, foi quando se instaurou a proibição de algo, pois assim fiou atestado que o Paraíso, na realidade, nunca existiu, que era uma ilusão inculcada em Adão e Eva, pois não há perfeição e plenitude onde existam proibições, restrições e coibições, já que tais fatos mostram limites onde não deveria existir nenhum tipo de barreiras ou qualquer tipo de demarcações.
Logo, o verdadeiro carrasco de toda essa história de pecado original, é nada mais nada menos, que o único personagem que detinha o controle sobre todo o enredo, Deus, o Criador de tudo e todos. Foi ele o responsável por tudo o que aconteceu no Paraíso. Dessa maneira, a sedução que Eva sofreu da serpente e a própria mordida dada na maça por Eva, nada mais são do que decorrências do desejo do Criador que tal ato ocorresse. A serpente, Eva e Adão foram apenas joguetes nas mãos de Deus. Massa de manobra para forjar todo um enredo que resultasse naquilo que nós conhecemos tão bem, que é de carregarmos a culpa eterna por algo que na verdade fomos obrigados a fazer.

https://imagensbiblicas.files.wordpress.com/2010/08/genesis-1_1-no-principio-criou-deus2.jpg

Mas, então,  por que toda a responsabilidade foi colocada sobre os ombros de Eva e da Serpente? Quais são os motivos para tamanha falácia para com seres inocentes e sem poder? Por que o gênero feminino virou o grande “bode expiatório” de toda essa história?
Eis o conteúdo de nossa próxima abordagem acerca da Vitimização feminina na história cristã-ocidental
Até a próxima

Fernando Manarim

quinta-feira, 16 de abril de 2015

EVA E A SERPENTE: ONDE TUDO COMEÇOU...- PARTE I

EVA E A SERPENTE: ONDE TUDO COMEÇOU...
PARTE I

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            Como já foi aludido em postagens anteriores, o Mito do Pecado Original oculta por trás de sua “verdade divina”, interesses pessoais que tem como objetivo principal o enquadramento da sociedade sobre determinados ditames sócio-morais.

            É através deste mito que passamos a desenvolver sentimentos preconceituosos e pré-julgadores de valores dúbios e duvidosos que nos cinde sob categorias imaginárias e enganosas com o intuito de nos fazer acreditar que determinada raça é superior às demais por causa de um pseudo-critério divino, segundo determinado autor, sem nenhum tipo de prova ou constatação concreta a não ser a sua “palavra sagrada”, como se isso fosse a coisa mais natural e justa do mundo. Algo bizarro e doentio, fruto de mentes caluniosas, perversas e manipuladoras, que buscam privilégios e vantagens eternizantes em prejuízo da grande maioria da humanidade.

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            Numa dessas premissas subliminares que encontramos neste Mito destacamos a afirmação de que o gênero feminino é uma espécie de ser humano de segunda categoria, de nível inferior, um tipo de personagem coadjuvante, que por ser essa sua condição, por consequência, se torna invejoso, vingativo e ardiloso, exercendo, na maioria das vezes, um efeito nocivo para com o outro gênero humano, herdeiro direto e único do “Pai Criador”.
            Isso pode ser constatado em diversas passagens do mito, onde tais considerações são apresentadas de maneira clara e direta, sem nenhum tipo de reserva ou constrangimento por parte de seu autor.
            Por que a mulher, desde a sua criação, é descrita e caracterizada sobre tamanha discriminação preconceituosa? Quais os motivos para um rebaixamento tão abissal só por causa de um gênero? O que gerou tanto ódio por parte do escritor de tal mito, para retratar o sexo feminino de maneira tão aviltante e maledicente, amaldiçoando seu destino, desde então?
            Sabemos que nada acontece por acaso e que tudo que é recontado de geração à geração traz em seu bojo segundas intenções. Eis o que ocorre com esse Mito da Criação, um texto recheado de segundas intenções, sendo que uma das mais importantes é a de discriminar e de desvalorizar o gênero feminino.

            O primeiro ponto que iremos destacar acerca dessa desvalorização da mulher no Mito é sobre a diferenciação no tratamento, por parte do autor, que é dispensada para cada um dos gêneros humanos. O gênero masculino, representado na trama pelo personagem de Adão, é concebido como fruto direto da vontade divina do Criador. Já Eva, representando o personagem do gênero feminino, deriva de uma costela de Adão, ou seja, é uma cria da criatura, um ser de segunda linha. Assim, observamos que uma das intenções que o autor do Gênesis já deixa explícita no texto é a condição e o patamar de cada gênero na hierarquia criada pelo “Pai Todo-Poderoso”.  Existe uma grande diferença entre o primogênito e as demais crias. Isso é uma tradição até hoje.  O primogênito sempre tem regalias que os demais filhos não têm. Essa tradição, com certeza, é um reflexo direto desse Mito, que é, sem dúvida nenhuma, um dos maiores recursos doutrinários na formação e no enquadramento do mundo ocidental.
            Logo, sendo a mulher fruto de uma parte insignificante de Adão, ela nos é caracterizada como um ser inferior, menor. Aqui se inicia uma campanha de diminuição descriminalizante do gênero feminino na história judaico-cristã ocidental.

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            Em segundo lugar, por Eva ter sido gerada do homem, ela acaba por ser colocada numa posição hierárquica subalterna de servidão, de submissão e de uma eterna dívida de gratidão para com o gênero masculino, responsável pela sua criação. Por isso, o gênero feminino deve sempre se postar resignada, obediente e respeitosamente para com aquele que lhe deu a oportunidade da vida.
            Essa maneira com que o mito é narrado gera, novamente, um juízo de inferiorização e discriminação em relação ao gênero feminino, por estar sempre com um sentimento de dívida para com o sexo masculino, já que a forma como é contada a trama, sempre deixa a mulher numa situação passiva, de inercia, postura típica de quem não faz parte da realeza, que não é de sangue-azul, de súdito submisso e de vassalagem.
            Além disso, toda vez que Deus entra em contato com a raça humana no Paraíso, ele sempre se dirige única e exclusivamente à Adão. Esse tratamento diferenciado escancara, no Mito, quem é o filho pródigo, quem é o privilegiado, o preferido, algo que vai refletir em toda nossa estrutura social na maneira como os gêneros masculino e feminino serão organizados e referendados pela civilização ocidental pós-romana antiga.

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            É sob essa égide que fomos condicionados, acostumados e doutrinados, um sustentáculo preconceituoso, injusto e mentiroso, onde a diferença sexual gera um padrão para classificarmos e identificarmos quem manda e quem obedece, quem manipula e quem é explorado, quem pode regozijar e agradecer e quem deve sofrer, se resignar e se prostrar por ser o grande algoz de toda a humanidade.
            Eis a mensagem que esse Mito do Pecado Original nos transmite, um mundo estruturado sobre preconceitos, discriminações, abusos e injustiças, fruto de uma imaginação doentia e covarde de homens que por alguma razão vil e cruel, decidiu como, onde e porque a sociedade deveria se organizar em todos os sentidos.

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            Na próxima postagem continuaremos essa abordagem acerca da vitimização do feminino no Mito da Criação, onde trataremos da parte em que o fruto proibido é mordido e a Queda ocorre, sempre focando nossa análise sobre a questão do gênero feminino e masculino.

Abraços


Fernando Manarim

quinta-feira, 9 de abril de 2015

HOLOCAUSTO MENTAL: A VITIMIZAÇÃO FEMININA - INTRODUÇÃO




HOLOCAUSTO MENTAL: A VITIMIZAÇÃO FEMININA

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INTRODUÇÃO:
            A partir desta postagem iremos abordar a situação do gênero feminino nos mitos ocidentais, começando pelo Mito do Pecado Original, passando por Branca de Neve, Cinderela, a Gata Borralheira, Alice no País das Maravilhas entre outros. Isso porque, como já aludimos nas postagens anteriores, os mitos e as alegorias têm como uma de suas principais funções auxiliar no adestramento das pessoas, adequando-as aos tipos que sirvam aos interesses de quem detêm o controle da sociedade a que pertencem.
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            Como vimos anteriormente, os Mitos Criacionais têm como principal objetivo formar mentes subservientes, escravizadas e inferiorizadas, para com isso obter como resultado a completa hegemonia sobre a maioria das pessoas. Essa metodologia doutrinal intitulei com o nome de “Esquizofrenização da Raça Humana”, onde para conseguir tal controle, essa elite transformou a mente das pessoas em algo doentio e totalmente distorcida da realidade concreta de cada um. Esses mitos têm como principal referência a inculcação, a imposição e a reiteração diuturnas, fazendo com que todos acreditem que essas alegorias são históricas, os transformando em réus inatos de todos os sofrimentos, infortúnios e mazelas destinado à toda a existência humana. Com esse sentimento de culpa, a humanidade em sua maioria ficou dócil e de fácil manuseamento, verdadeiro fim de todas essas fábulas torturantes, ferramentas avassalantes de uma escol autoritária e sem nenhum tipo de escrúpulo com nada e nem com ninguém, a não ser com suas mordomias e privilégios.
            No caso do gênero feminino não é diferente, inclusive é duas vezes pior, pois elas serão enganadas, iludidas e confundidas mentalmente tanto no gênero como pela raça. Desde o momento que o Mito do Pecado Original começa a ser respeitado e difundido para todo o Ocidente como única verdade divina, o gênero feminino passa a ser julgado como o grande vilão da humanidade, além de, por tal pecha, ser subjugado como ser de raça inferior tanto física como mentalmente. Sempre alijadas dos fatos principais da história e só citadas como principais algozes perversas e opressoras do gênero masculino, gênero este constantemente retratado pelo “Pai” como ingênuo, puro e inocente, por isso único com verdadeira vocação natural para ser “imagem e semelhança” de Deus. Algo totalmente paradoxal, verdadeiro disparate contra seres de mesma raça e, por isso, de mesma natureza. Algo plantado grosseiramente na mente das pessoas, apenas com a finalidade de deturpar e conturbar a existência da espécie. Segregação inverossímil, ilógica e ridícula, pois cria uma potencialidade em algo que detêm a mesma força que o outro gênero da mesma espécie. Como o sexo pode desfigurar de maneira tão desmensurada seres de mesma raça? Onde se viu tamanha diferença em gêneros de mesma natureza? Quando notamos que a luta do gênero feminino sempre foi para atingir a igualdade, fica notório a subjugação feminina, que mesmo sendo da mesma raça, luta por uma aceitação que por natureza já é própria. Em outras palavras, o gênero feminino, lastimavelmente, luta por algo que já é seu de fato.

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            Dessa forma, delinearemos através de Mitos e Alegorias “inocentes e pueris”, como tal perspectiva foi disseminada, indiretamente, fazendo com que todas essas leviandades descriminalizadoras fossem aceitas e acatadas pacificamente por todos, e principalmente, de forma inconsciente, pelas próprias vítimas de tais calunias, o próprio gênero feminino.
O que iremos abordar dentro desta nova série serão os motivos, as causas e as verdadeiras razões de tal holocausto mental, responsável por tanta insensatez, frivolidade e desfigurações que forçaram as mulheres a lutarem constantemente para serem reconhecidas como seres humanos, ou seja, para serem reconhecidas e identificadas ao patamar ao qual pertencem. E isso porque foram relegadas a uma posição reles e ínfima, motivadas por mitos inverídicos e absurdos que de uma hora para outra resolveram criar dogmas desonrosos e injuriantes acerca do feminino, transformando-as no bode expiatório de todos os erros e desgraças da humanidade.
Mas, afinal, por que decidiram transformar o gênero feminino em o grande verdugo da humanidade? Quais os reais motivos que fizeram com que fosse armado um boicote tão violento e impetuoso, nunca visto antes na história? O que está oculto por trás de tamanha difamação? Quais as razões escusas por trás dessa segregação sexual disparatada e desproporcional?
Eis nosso principal objetivo, chegar às respostas concretas desse verdadeiro massacre contra uma parte da raça humana, desse terrível “Holocausto mental”, responsável pela maior vitimização já realizada contra qualquer tipo de ser vivo nesse planeta, o que denominamos como a vitimização do gênero feminino.

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Na próxima postagem abordaremos o Mito do Pecado Original sobre o enfoque feminino. Eva e a Serpente, onde tudo começou nessa conspurcação degenerativa contra parte da raça humana.

Abraços

Fernando Manarim