O CONHECIMENTO
O que havia de tão proibitivo
naquele fruto que era totalmente censurado a todas as partes constituintes da
Criação? Por que o Criador, de maneira tão rígida e peremptória, restringia e
vedava o acesso de todos àquela árvore tão misteriosa e obscura?
A resposta só se sucedeu depois que
Adão e Eva realizaram um ato gravíssimo de insubordinação e de desobediência
nunca antes praticado até então: degustaram o tal fruto proibido!
A partir daquele instante a espécie
humana passaria por uma mudança radical na sua maneira de ser e de se
relacionar com o seu entorno.
O principal componente responsável
por tamanha transformação, originário de tal fruto, era nomeado de
“conhecimento”. Esse alucinógeno natural, de grande potencialidade e durabilidade,
foi o principal agente causador da incrível alteração psico-mental sofrida por
toda a espécie humana desde então.
Com a ingestão do conhecimento o ser
humano obteve o dom da “criação”. Esse poder advindo e adquirido por sua falta
foi, na verdade, uma forma disfarçada que o homem inventou para tentar driblar
e mascarar suas incertezas, temores e, principalmente, sua insignificância como
parte mortal, participativa e funcional na composição do todo.
Com o advento do conhecimento o ser
humano imaginou que conseguiria se insurgir contra sua situação, almejando a
possibilidade de ascender ao mesmo status do seu criador.
Pena que toda essa “revolução” tenha
ocorrido apenas e tão somente nos seu imaginário febril e esquizóide. Na
realidade anterior, no Paraíso natural, nada havia mudado; tudo continuava
dentro da sua normalidade e funcionalidade original. Em suma, todas essas
pseudo-transformações aconteceram e continuaram ocorrendo somente em sua mente
delirante, em nenhum outro lugar.
O que o homem chamava de “criação”,
não era nada mais, nada menos que transformações e alterações do estado dos
objetos trabalhados. Nada se criava nem se destruía; tudo apenas passava por
transformações; pois a parte não podia criar nada de novo no todo.
Assim, se fizermos uma comparação
com grandes personagens ficcionais da nossa literatura mundial, poderemos
constatar que a partir da invenção do conhecimento, o homem se transformou num
Dom Quixote patológico, utópico, depressivo e demagógico. Um sonhador estático,
sem identidade própria e sem rumo certo. Um ser infeliz por não aceitar sua
condição natural e in natura de ser criatura, parte e fragmento.
Conhecer algo é chegar à sua mais
ínfima essência; é apreender sua verdade total. Ter uma visão plena e vasta do
objeto estudado como um todo.
Tal exercício é inteiramente
impossível de acontecer com o ser humano. Uma fração não tem como atingir tal
nível de compreensão e entendimento das coisas. Como algo confinado,
inconstante e parcial pode conhecer? Como o limitado pode assimilar e apreender
o ilimitado? Nunca!
Sendo
assim, o conhecimento é naturalmente inatingível e intangível para toda a
espécie humana. É algo que foge inteiramente de sua alçada e que, por isso,
escapa de todas as suas possibilidades enquanto criatura auxiliar e coadjuvante
de todo esse processo criacional, do qual é partícipe.
Seguindo
essa linha de raciocínio fica notório constatar porque o mito do Pecado
Original é tão inverossímil de ter ocorrido da forma que nos foi narrado. Mesmo
que o ser humano tivesse entrado em contato e ingerido o tal fruto proibido,
nada teria acontecido a ele, visto que tal instrumento é infinitamente superior
e mais poderoso que as possibilidades e a capacidade estrutural e mental de
toda a espécie humana.
O
conhecimento exige e comporta essa potencialidade descomunal em comparação a
quaisquer das partes componentes. É algo só viável àquele que foi o responsável
pela criação, construção e pelo funcionamento do todo. Só o criador comporta
tal ferramenta de entendimento e compreensão, nenhum outro pode carregar tal
carga.
Eis
o mistério da Fé!!! Acreditar que pode atingir mais do que pode “carregar”!!!
Delírios de uma mente doente e monstruosa!!!
Abraços
e cumprimentos a todos
Fernando
Manarim