O MITO DE FRANKINSTEIN
PARTE I
Introdução
Escolhi essa alegoria como modelo
ilustrativo da história humana “pós-Pecado Original”, ou seja, depois do surto
de esquizofrenia sofrido pela espécie desde então. Metaforicamente, tal mito,
um dentre tantos de mesma abordagem, descreve sucintamente “como” e “o que”
ocorreu com o homem quando este resolveu contrariar e se rebelar contra seu
destino de “coadjuvante” na trama criacional. Perceba que o mito sempre se repete, mudando
apenas o nome dos personagens principais e a trama adaptada ao momento
histórico a que se refere.
O Enredo
O mito relata a estória de um
aficionado e devotado cientista, que deslumbrado com toda a potencialidade
inerente a ciência, ficou completamente ensandecido, buscando a criação da
vida.
Para tanto, passou de maneira
obstinada, experienciando com todos os materiais possíveis e prováveis da
época: cadáveres, fragmentos de animais e plantas, energias, como a elétrica e
a eólica, e todo o tipo de conhecimento adquirido e acumulado pelos homens até
aquele momento.
De toda essa mixórdia, depois de
inúmeras tentativas, ele conseguiu realizar o maior de todos os sonhos da
humanidade; conseguiu conceber um ser vivo, criou a vida, passou de semidivino
à deus.
Realizado, já que alçou o voo mais
alto que uma parte poderia alcançar, se auto intitulou “Criador”; e, em
seguida, ‘divino e imortal’, passou para um segundo momento, o de observar o
ser que havia originado.
Não
lhe deu nada, nem nome, nem vestimentas, nem alimento, nem formação, nem condições
para sua subsistência no sistema social que foi inserido.
Em troca, a criatura passou a lhe
chamar de “Pai”, por esse seu papel em relação à sua condição de cria do tal
cientista. O monstro, essa espécie de Adão da modernidade, como Frankenstein lhe chamava, ficou completamente à
deriva, sem nenhum tipo de amparo, cuidado ou amor. Sem saber o porquê de tal
situação, foi abandonado por seu criador, como se ele próprio tivesse culpa por
haver aparecido. Teve que se virar sozinho, sempre se sentido culpado, sempre
se sentindo um infrator, um criminoso, um pecador, e sempre correndo atrás de
seu criador, “seu Pai”, em busca de seu perdão, de seu amor e de acreditar
inocentemente que um dia será alçado à posição de Criador.
Eis de novo a esquizofrenização do
ser, que ama seu verdugo, por idealizá-lo como algo perfeito, justo, virtuoso e
imortal. Delírios de uma mente deturpada pelo sofrimento, pela injustiça e pelo
desamparo desde sua criação.
Na próxima postagem continuaremos a
analisar esse mito tão importante para o homem moderno.
Abraços
Fernando
Manarim
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