Filosofia do possível

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sexta-feira, 13 de março de 2015

O MITO DE FRANKEINSTEIN - PARTE I


        O MITO DE FRANKINSTEIN

            PARTE I

 

Introdução

            Escolhi essa alegoria como modelo ilustrativo da história humana “pós-Pecado Original”, ou seja, depois do surto de esquizofrenia sofrido pela espécie desde então. Metaforicamente, tal mito, um dentre tantos de mesma abordagem, descreve sucintamente “como” e “o que” ocorreu com o homem quando este resolveu contrariar e se rebelar contra seu destino de “coadjuvante” na trama criacional.  Perceba que o mito sempre se repete, mudando apenas o nome dos personagens principais e a trama adaptada ao momento histórico a que se refere.

 

O Enredo
 
 

            O mito relata a estória de um aficionado e devotado cientista, que deslumbrado com toda a potencialidade inerente a ciência, ficou completamente ensandecido, buscando a criação da vida.

            Para tanto, passou de maneira obstinada, experienciando com todos os materiais possíveis e prováveis da época: cadáveres, fragmentos de animais e plantas, energias, como a elétrica e a eólica, e todo o tipo de conhecimento adquirido e acumulado pelos homens até aquele momento.

            De toda essa mixórdia, depois de inúmeras tentativas, ele conseguiu realizar o maior de todos os sonhos da humanidade; conseguiu conceber um ser vivo, criou a vida, passou de semidivino à deus.

            Realizado, já que alçou o voo mais alto que uma parte poderia alcançar, se auto intitulou “Criador”; e, em seguida, ‘divino e imortal’, passou para um segundo momento, o de observar o ser que havia originado.

Não lhe deu nada, nem nome, nem vestimentas, nem alimento, nem formação, nem condições para sua subsistência no sistema social que foi inserido.
 


            Em troca, a criatura passou a lhe chamar de “Pai”, por esse seu papel em relação à sua condição de cria do tal cientista. O monstro, essa espécie de Adão da modernidade, como Frankenstein lhe chamava, ficou completamente à deriva, sem nenhum tipo de amparo, cuidado ou amor. Sem saber o porquê de tal situação, foi abandonado por seu criador, como se ele próprio tivesse culpa por haver aparecido. Teve que se virar sozinho, sempre se sentido culpado, sempre se sentindo um infrator, um criminoso, um pecador, e sempre correndo atrás de seu criador, “seu Pai”, em busca de seu perdão, de seu amor e de acreditar inocentemente que um dia será alçado à posição de Criador.

            Eis de novo a esquizofrenização do ser, que ama seu verdugo, por idealizá-lo como algo perfeito, justo, virtuoso e imortal. Delírios de uma mente deturpada pelo sofrimento, pela injustiça e pelo desamparo desde sua criação.

            Na próxima postagem continuaremos a analisar esse mito tão importante para o homem moderno.

Abraços

Fernando Manarim

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